Papa Bento XVI com o Reverendo Rowan Williams,
líder Anglicano na Inglaterra
O Santo Padre tem sido feliz até agora na sua visita à Inglaterra, berço mundial do Anglicanismo. Ele tem insistido na unidade dos cristãos e na afirmação nova e inteligente da identidade cristã num mundo sempre mais indiferente a Deus e a fé. O maior escândalo atual é de fato a visível divisão entre os cristãos. Inclusive o próprio anglicanismo, que não chega a 90 milhões de membros no mundo, está cheio de divisões internas e falta de consenso em matérias fundamentais da sua eclesiologia.
PALAVRA QUE REÚNE, ALIMENTA E UNE - 09 -
Abaixo compartilho uma reflexão bíblica para a Liturgia da Palavra deste domingo. Por estar em viagem, reproduzo uma reflexão do Portal Claret
"A Igreja venerou sempre as Divinas Escrituras (Bíblia)
como venera o próprio Corpo do Senhor (Eucaristia),
não deixando jamais, sobretudo na Sagrada Liturgia,
de tomar e distribuir aos fiéis o pão da vida,
quer da mesa da Palavra de Deus
quer da do Corpo de Cristo"
CONSTITUIÇÃO DOGMÁTICA DEI VERBUM SOBRE A REVELAÇÃO DIVINA, 21
Domingo, 19 de setembro de 2010
25º Domingo do Tempo Comum
Primeira leitura: Amós 8, 4-7
Contra aqueles que dominam os pobres com dinheiro.
Salmo responsorial: 112, 1-2.4-6.8
Louvai o Senhor, que eleva os pobres!
Segunda leitura: 1 Timóteo 2, 1-8
Recomendo que se façam orações a Deus por todos os homens.
Deus quer que todos sejam salvos.
Evangelho: Lucas 16, 1-13
Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro.
O profeta Amós nos situa no contexto da quarta visão e sua interpretação, que vai contra os defraudadores e exploradores. O profeta, em todo o livro, nos apresenta cinco visões sobre o destino do povo de Israel (7, 1—9,10). A mensagem de Amós era dirigida principalmente ao reino do norte, Israel, porém também menciona Judá (o reino do sul) e as nações vizinhas de Israel (seus inimigos): Siria, Filistéia, Tiro, Edom, Amon, Moab. A razão do juízo: a cobiça dos ricos.
Amós grita e denuncia: Escutem isto os que pisoteiam o pobre e querem arruinar os humildes da terra (v. 4). O profeta, ao proferir seus juízos e lançar suas ameaças, explica os motivos pelos quais o povo será castigado e corrigido. Denuncias contras as casas ostentosas, fruto da opressão dos pobres e débeis. E isto por não cumprir com a justiça no trabalho e no comercio. Enganam e roubam nas balanças fraudulentas, nos preços e salários.
O profeta profere também sentenças contra um culto exterior que quer encobrir toda essa injustiça com sacrifícios, oferendas e cantos que assim não são gratos a Deus. Ao tema da fraude, tão presente nesta quarta visão, segue-se o juramento divino e o castigo.
Paulo exorta a que se ore por todo o mundo e, de maneira especial, pelos encarregados de dirigir política e religiosamente o povo, porque a intenção de Deus é salvar a todo o ser humano, e que este chegue ao conhecimento pleno da verdade. Essa verdade foi revelada por seu filho Jesus , onde ele mesmo se apresentou como o Caminho, a Verdade e a Vida.
E a verdade que nos fará livres. Paulo coloca Jesus como o único mediador entre Deus e o ser humano: porque há um só Deus e também um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus. É a universidade de Cristo no acontecimento salvífico da humanidade que com sua morte se entregou a si mesmo como resgate por todos.
Esta parábola – nem sempre bem interpretada – é dirigida aos fariseus que são amigos do dinheiro, seu verdadeiro Deus. Representa, como todas as outras, um caso extremo: um homem que está a ponto de ser despedido de seu trabalho e que necessita urgentemente para garantir o futuro, antes de ficar sem emprego. Para isso monta uma estratégia.
Acusado de desperdiçar os bens de seu dono (16,1), causa pela qual vai ser despedido do trabalho, decide abaixar a quantidade da divida de cada um dos credores de seu patrão, renunciando à comissão que lhe pertence como administrador.
É sabido que os administradores não recebiam na Palestina um salário, mas uma comissão que era cobrada, colocando com freqüência interesses exorbitantes aos credores. A atuação de administrador deve ser entendida assim: o que devia cem barris de azeite tinha emprestado cinqüenta e nada mais, os outros cinqüenta eram a comissão correspondente que o administrador renunciava com a vantagem de conseguir amigos para o futuro. Renunciando à comissão, o administrador não lesa em nada os interesses do seu patrão. Daí que o patrão o felicite por saber garantir o futuro dando o “dinheiro injusto” a seus credores.
O patrão louva a estratégia daquele “administrador do injusto”, qualificativo que se dá no evangelho de Lucas ao dinheiro, pois, enquanto acumulado, procede de injustiça ou leva a ela.
Para Lucas, tudo dinheiro é injusto. No entanto, se não o usa, desprendendo-se dele, para “ganhar amigos”, faz um bom investimento, não em termos financeiros, nem bancários, mas em termos humanos e cristãos. O dinheiro injusto, como encarnação da escala de valores da sociedade civil, serve de pedra de toque para ensaiar a disponibilidade do discípulo para que coloque a serviço dos demais o que de fato não é seu, mas que se apropriou em detrimento dos despossuídos e marginalizados.
O dinheiro injusto é qualificado na conclusão da parábola como “o nada” e “o alheio”, enquanto oposto ao que “vale de verdade, o importante, o vosso”. E “o que vale de verdade” não é o dom do dinheiro, mas o Espírito de Deus que comunica vida aos seus (“quanto mais o Pai do céu dará o Espírito Santo aos que o pedem”, cf. Lc 11, 13). Isso sim, para receber o Espírito (que é comunicação da vida de Deus que fortalece o homem) se requer o desprendimento e a generosidade para com os demais (11, 34-36).
A parábola termina com esta frase lapidar: “Não podem servir a Deus e ao dinheiro”. A pedra de toque de nosso amor a Deus é a renuncia ao dinheiro. O amor ao dinheiro é uma idolatria. É preciso optar entre dois senhores: não há meio termo. O campo de treinamento desta opção é o mundo, a sociedade, onde os discípulos de Jesus tem que partilhar o que possuem com os que nada tem, com os oprimidos os despossuídos, os deserdados da terra.
O afã do dinheiro é a fronteira que divide o mundo em dois; é a barreira que nos separa dos outros e faz com que o mundo esteja organizado em classes antagônicas: ricos e pobres, opressores e oprimidos; a ânsia do dinheiro é o inimigo número um que impossibilita o mundo ser uma família unida onde todos se sentem à mesa da vida. Por isso o discípulo, para garantir o futuro, deve estar disposto no presente a renunciar ao dinheiro que leva à injustiça e torna impossível a fraternidade. - Fonte: Portal Claret -