“Só existem dois dias no ano

que nada pode ser feito:

Um se chama ontem

e o outro se chama amanhã.

Portanto, hoje é o dia certo para amar,

acreditar, fazer e principalmente viver”

Dalai Lama

sábado, 14 de agosto de 2010

PALAVRA QUE REÚNE ALIMENTA E UNE - 5 -

“A Igreja venerou sempre as Divinas Escrituras (Bíblia) 
como venera o próprio Corpo do Senhor (Eucaristia), 
não deixando jamais, sobretudo na Sagrada Liturgia, 
de tomar e distribuir aos fiéis o pão da vida, 
quer da mesa da Palavra de Deus quer da do Corpo de Cristo”
CONSTITUIÇÃO DOGMÁTICA DEI VERBUM SOBRE A REVELAÇÃO DIVINA, 21


Domingo da Assunção de Nossa Senhora - 15.08.2010
Evangelho de Lucas 1,39-56;

O evangelista Lucas na sua sensibilidade tão humana nos apresenta cenas fortes entre Maria e Isabel. Duas mulheres que representam duas situações: uma já idosa, parecia ter tudo feito e realizado. Outra bem jovem, tudo ainda estaria para vir a ser realizado. Lucas ajunta as duas “ pontas”  da existência delas e daí tira uma nova história. É história de mulheres que conseguem divinizar o humano.

Maria vai apressada ao encontro de uma mulher madura e que precisa certamente de algum tipo de apoio. Parece que o texto fala dos dias atuais: APRESSADAMENTE! Sim, há situações humanas onde não se permite que se encaminhe de forma lenta, pois pode ser que a vida ali esteja em risco e por isso necessita-se apressar todas as forças vivas. A saudação de Maria traz para Isabel nova alegria e encanto. Tal saudação é carregada de memória – anáminésis – que gera nova vida. Maria é responsável para que Isabel sinta-se toda de Deus e apoiada por Deus. É Maria quem coloca Isabel nessa fantástica sintonia com o Divino. A saudação de Maria, sendo ela plena SERVIDORA DA PALAVRA – Lucas 1, 38 – traz a presença do Espírito Santo para Isabel.

No grito de Isabel está com certeza o grito de Deus. Um grito de vida, de esperança, de alegria é lançado, como que dizendo que se rompeu um ciclo infecundo e que agora os caminhos do Reino de Deus poderão ser melhores visualizados. Duas mulheres ensinam-nos que no pequeno, no doméstico, no simples, no feminino, na ternura, no encontro fraterno, na solidariedade humana, tem o grito – manifestação – de Deus.

Assim também somos nós cristãos desse tempo tão conturbado. Nem sempre passamos o Espírito Santo para os outros, pois pode ser que nós mesmos estamos esvaziados dele. Maria ao contrário, estava “cheia do Espírito Santo”. Sua saudação revela vida nova – a criança que pula no ventre -. Hoje falta-nos muita saudação marial, quer dizer, com o Espírito Santo nas palavras e no coração.

Maria é porta-voz de uma nova realidade. Maria insere-se no tempo de Deus e ela ajuda a inserir esse divino tempo no tempo da humanidade.

A cena das duas mulheres em êxtase de alegria humana e divina é encerrada com o cântico de Maria. No cântico está uma espécie de síntese da história da salvação e da história da libertação; Maria vai como que subindo degraus. Em todos os novos degraus aparecem à ação justiceira e amorosa de Deus e tal ação é garantida que será “para sempre”. Isso significa que nas lutas da humanidade peregrina a última palavra será a PALAVRA DE DEUS: em favor de Abraão e de sua descendência para sempre;

Lamentavelmente ainda perdura na Igreja uma mariologia não bíblica, dissociada das escrituras e que deixa Maria tão sem ação como se ela nada tivesse a nos dizer e nos propor na ação evangelizadora da Igreja. Ainda resta muito de Maria de uma Igreja de cristandade e não de uma Igreja pós Concílio Vaticano II; Mas há também bonitas surpresas e novos ensaios e isso anima-se a resgatar a Maria de Nazaré, mãe e seguidora do pobre Rabi da Galiléia. Amém!


Nenhum comentário: