PALAVRA QUE REÚNE ALIMENTA E UNE - 4 -

“A Igreja venerou sempre as Divinas Escrituras (Bíblia) como venera o próprio Corpo do Senhor (Eucaristia), não deixando jamais, sobretudo na Sagrada Liturgia, 
de tomar e distribuir aos fiéis o pão da vida, 
quer da mesa da Palavra de Deus quer da do Corpo de Cristo”

CONSTITUIÇÃO DOGMÁTICA DEI VERBUM SOBRE A REVELAÇÃO DIVINA, 21

19 Domingo do Tempo Comum – 08.08.2010

1ª Leitura: Sabedoria 18, 6-9;

Salmo 32

2ª Leitura: Hebreus 11,1-2.8-19 ou 1-2.8-12

Evangelho: Lucas 12, 32-48 ou 35-40;

  

Neste mês de agosto costuma-se em muitas dioceses e famílias religiosas dar um amplo espaço à oração e reflexão sobre as diversas vocações presentes da vida da Igreja. Amanhã também no Brasil celebra-se o dia dos pais, que na verdade é uma celebração de consumo, do mercado, que precisa sempre colocar em pauta tais eventos de cunho emocional. Mas aproveita-se e pode-se rezar pelos pais sofredores, esquecidos, solitários e especialmente tirar da realidade divina do DEUS PAI uma dimensão amorosa para a relação entre pais e filhos. Sabe-se que não basta ser apenas pai, mas acima de tudo amigo dos filhos. É bem diferente um pai apenas provedor de um pai amigo. O mesmo vale para os filhos, que são sempre mais abençoados quando sabem ser amigos dos pais.

A primeira leitura nos lembra da importância em manter viva a memória, em sermos agradecidos pelos benefícios recebidos do amor de Deus. Do saber compartilhar os “mesmos bens e os mesmos desafios”, significando que se vive melhor quando se vive irmanado, em comunidade, unidos. Nossa fé nasce de “uma noite de libertação” (Êxodo). Das trevas, da escravidão, da morte, Deus no seu misterioso amor tira a vida nova e gera um caminhar de um povo novo.

Na segunda leitura devemos centrar o máximo de atenção no versículo primeiro: A FÉ NOS ANTECIPA REALIDADES AINDA INVISIVEIS AOS OLHOS. Essa graça os que não conhecem a Deus não podem experienciar, sentir, viver.

A fé é uma espécie de antecipação do que nos aguarda. Aqui a fé não é entendida como uma realidade etérea, vazia, mas como uma realidade de POSSE. Pela fé já se possui algo que ainda não é visível mas credível e confiável. Algo difícil de ser compreendido por quem vive esvaziado de valores e amores na vida. 

Todo o texto pode ser considerado um lindo hino à fé. Foi pela fé que...

Assim se lista inúmeras situações em que a escritura documenta onde a fé foi mola mestra, foi motor, foi impulso, encorajamento, ânimo e certeza (posse) antecipada.

Dessa fé bíblica muitos cristãos são hoje carentes. Talvez por isso se vê tanta gente fazendo “rodízio” de igrejas, por não viver a verdadeira e profunda fé no coração. Pela fé sabemos que uma cidade divina está a nossa espera e que o DEUS DA VIDA tem braços amorosos abertos para nós.

No santo evangelho Lucas recomenda a atitude de confiança dos que seguem a Jesus: 
“Não tenhais medo, pequenino rebanho, pois foi do agrado do vosso Pai dar a vós o Reino”, versículo 32. MEDO é uma palavra que o evangelho sempre vai repelir. Aqui entra de novo a força que deriva da fé. Deve-se servir a Deus quem tem fé e por isso não se pode ter medo, mas confiança.

São várias as recomendações destinadas à comunidade discipular:

“não ter medo, vender os bens, fazer partilha (esmola) com os pobres, trabalhar de forma eficaz (fazer bem as bolsas), saber o que é o tesouro (e o que é inutilidade), ter cuidados para com o ladrão e as traças, focar o coração no centro de tudo: Deus! Ter os rins preparados para a caminhada, ter as lâmpadas acesas, etc.

Jesus quer o discípulo como um bom ADMINISTRADOR (servidor) e não como uma AUTORIDADE (mandatário). Atenção especial devemos ter no final da parábola:

“A quem muito foi dado, muito será pedido;

a quem muito foi confiado, muito será exigido!”

Quem muito recebe (DADO) da comunidade cristã – estudos, mestrado, doutorado, pós-doutorado, espacializações diversas, títulos, honrarias... – a esse espera-se também muito em prol da mesma comunidade cristã. O saber deve ser reinvestido para o próprio bem da Igreja em prol do Reino.

Quem assumiu (CONFIADO) a partir da comunidade cristã responsabilidades, coordenações, pastoreio, animação, etc, muito também deve à mesma comunidade e a ela deve servir com humildade e criatividade.

Oração

Permita Senhor que sejamos fiéis servidores do teu Reino e não de nossos próprios interesses. 
Que nosso serviço seja fraterno, amoroso, encorajador, sustentado por uma fé viva, geradora de luz e vida para àqueles a quem gastamos nossas vidas em teu santo Nome. Amém!