“Só existem dois dias no ano

que nada pode ser feito:

Um se chama ontem

e o outro se chama amanhã.

Portanto, hoje é o dia certo para amar,

acreditar, fazer e principalmente viver”

Dalai Lama

sábado, 10 de julho de 2010

1o REACENDER!

Hoje acontece aqui no Vale de Nazaré o 1o Reacender: Espiritualidade Místicocêntrica para leigos e leigas que buscam se reencontrar com a linguagem de Jesus. Eu e o jovem Augusto Gehner temos a assessoria do mesmo.Serão sempre grupos pequenos, para facilitar a inteiração e aprofundamento. Hoje serão 16 pessoas os participantes.
Clicando em mais informações  você poderá ler uma meditação bíblica para o dia de amanhã, domingo. Razões de muitas viagens nesta semana, impediram que eu mesmo produzisse minha humilde hermenêutica das leituras. Mas deixo disponível uma reflexão que tirei do Portal Claret:



10.07.2010 - 15º Domingo do Tempo Comum
Primeira leitura: Deuteronômio 30, 10-14
Esta palavra está bem ao teu alcance, para que a possas cumprir.
Salmo responsorial: 68, 14.17.30-31.33-34.36-37
Humildes, buscai a Deus e alegrai-vos: o vosso coração reviverá!
Segunda leitura: Colossenses 1, 15-20
Tudo foi criado por meio dele e para ele.
Evangelho: Lucas 10, 25-37
E quem é o meu próximo?

A época do desterro foi para Israel uma situação que confrontou o modelo de Aliança entre Deus e seu povo, como princípio de mudança e conversão. Esta conversão inclui a volta pessoal a Deus e o cumprimento de todos seus mandamentos, “com todo coração” como pede o Dt 6,4.

Ainda que o capítulo 30 esteja redigido em segunda pessoa do singular, é de sentido plural na época do exílio: “quando te aconteçam estas coisas” (v 1) fala de coisas que já tinham acontecido. Todo o capítulo pressupõe a destruição de Judá e Jerusalém no ano 587 a.C.

A boa nova para o povo centra-se no capítulo 30. Apresenta-se mostrando que o preceito não supera as forças, nem está fora do alcance (v 11), ainda que o povo esteja no exílio. Não está no céu, nem parta além dos mares (vv 12-13).
A Palavra de Deus já foi pronunciada e se encontra em nossa boca em nosso coração. Se deixarmos a palavra penetrar em nós, ela se realiza em nós (v 14). Ter a Palavra perto de si é amar a nosso próximo. Hoje necessitamos também de abertura à palavra reveladora da ação de Deus em nossa história, com o compromisso de escutá-la e vivê-la em radicalidade e compromisso.

Salmo 68: Humildes, buscai o Senhor e viverá teu coração. O tempo de composição do salmo 68 está expresso na última estrofe onde lemos: “o Senhor salvará a Sião, reconstruirá as cidades de Judá” (v 36), época imediatamente posterior ao desterro, pensando possivelmente no grupo de exilados que ansiavam pela reconstrução do templo.

O Salmo é um canto de um “servo de Javé” (v 18): rejeitado e ignorado pelas estruturas de poder, é visto com carinho por Deus que vê nele um exemplo e testemunho para os que, como pobres, buscam e aguardam a ajuda de Deus. Com este serviço estão em jogo a confiança e a esperança de outras pessoas. O salmo é um convite a sair do egoísmo e o colocar-se a serviço dos demais, com a marca inconfundível do amor.

Colossenses 1,15-20: Tudo foi criado por ele e para ele. Este hino da carta aos colossenses apresenta em toda sua profundidade, a primazia de Cristo, como filho de Deus e como princípio de toda a nova humanidade que renasce nele. Conecta a ação salvadora de Cristo com a obra da criação, unidas a um mesmo tronco, com as raízes profundas da fé.

A nova criação que surge com Cristo, se apresenta no modelo de nova humanidade: um mundo e uma história onde é preciso trabalhar para cumprir o plano salvador de Deus em seu Filho. Ao ser humano falta-lhe viver a reconciliação com a obra de Deus por causa do distanciamento enorme entre elas e a causa de sua justiça.

Lucas 10, 25-37: Quem é meu próximo?
Jesus queria que a lei do amor estivesse em primeiro lugar, acima da lei do culto e acima dos próprios interesses. Visão panorâmica desta parábola: A mentalidade judaica do tempo de Jesus, absorvida pelo legalismo, havia se convertido em uma consciência fria, sem calor humano, à qual não lhe importavam as necessidades nem os direitos do ser humano. Somente se fazia o que permitia a estrutura legal e se rejeitava o que ela proibia.

O legalismo, imposto pela estrutura religiosa, era a forma oficial do povo viver e praticar a moral. Chegou-se a estabelecer, por exemplo, desde a legalidade religiosa, que a lei do culto primava sobre qualquer lei, superando até mesmo a lei do amor ao próximo. Isto assombrava a preocupava Jesus, pois não era possível que, em nome de Deus, se estabelecessem normas que acabariam por desumanizar o povo.

Este era o contexto no qual nasceu a parábola do bom samaritano: um homem necessitado de ajuda, caído no caminho, mais morto que vivo, sem direitos, violentado em sua dignidade de pessoa, abandonado pelos cumpridores da lei (sacerdotes e levitas), mas que é socorrido por um ilegal samaritano (que não atinha boas relações com os israelitas).

Jesus fez uma proposta de verdadeira opção pelos direitos desse ser humano caído, condenado pelas estruturas sociais, políticas, econômicas e religiosas que se apresentam como excludentes (estruturas que se encarregam de não respeitar os direitos das pessoas e não lhes permitem viver em liberdade e na autonomia).

Jesus quer dizer-nos como a solidariedade é um valor que precisa ser considerado acima da lei e do culto; acima da própria necessidade pessoal, para buscar o bem estar social e comunitário, a defesa dos direitos de tantas pessoas que vivem em situações de falta de solidariedade e de falta de reconhecimento de seus direitos; tudo isto nas faz pensar na opção por continuar o caminho de compromisso e de trabalho em nossas comunidades e organizações, a partir do compromisso solidário com as pessoas e em especial com os irmãos caídos no caminho, por não terem seus direitos reconhecidos.

A parábola é tudo, menos um jogo de palavras bonitas, é algo mais que uma peça literária da antiguidade. É uma constante interpelação para o hoje de nossa vida. Somente Lucas conserva em seu evangelho esta parábola. Este texto, tão amplamente conhecido na liturgia, inicia com uma pergunta de um mestre da lei, ou letrado: ele quer saber o que deve fazer para ganhar a vida eterna.

Jesus, por sua vez, lhe devolve a pergunta, para que o letrado busque a resposta em sua especialidade, ele tem a resposta na lei... O letrado, citando de memória o Dt 6,5 e Levítico 19,18, faz uma a breve síntese do sentido dos 613 preceitos e obrigações existentes, para responder com duas, que são fundamentais: Amar a Deus e ao próximo... Jesus aprova a resposta.

O letrado interroga novamente, pois no Levítico o próximo é o israelita e no Deuteronômio reserva o título de irmãos unicamente aos israelitas. Jesus, em lugar de discutir e entrar em becos sem saída, não busca formular novas teorias e interpretações diante da lei antiga e sua prática, propõe apenas uma parábola como exemplo vivo de quem é o próximo. Podemos contemplar na parábola duas personagens e tirar daí as conseqüências de ensino para o dia de hoje:

Um homem anônimo, que é vítima de ladrões e cai meio morto no caminho; um samaritano meio pagão – talvez um pagão completo – cujo trato e relação com os judeus era quase um insulto às suas tradições; um sacerdote e um levita: há contraposição e diferença entre as diferentes esferas de poder religioso. O levita era um clérigo de patente inferior, que se ocupava principalmente dos sacrifícios, “testemunha” do culto oficial e dos rituais que devem ser seguidos na religião estabelecida.

A relação entre cada um dos personagens da parábola é diferente. O comportamento do sacerdote e do levita não se baseiam no plano da necessidade do homem caído no caminho, mas relação existente entre a lei e o desempenho do ofício, o apresentar-lhe qualquer atenção ao homem caído, impediria a estes representantes do ofício. Qualquer atenção dada ao homem caído, impediria a estes representantes do culto oficial a oferecerem sacrifícios agradáveis a Deus.

O samaritano, pelo contrário, não encontra nenhuma barreira para prestar seu serviço desinteressado ao desconhecido que está caído e ferido, que necessita da ajuda de alguém que passe por esse caminho. O samaritano unicamente sente compaixão pela necessidade desse homem anônimo e se entrega com infinito amor para defender a vida que está ameaçada e despossuída.

Próximo, companheiro, diz Jesus nesta parábola, deve ser para nós, em primeiro lugar, o compatriota, porém não somente ele, mas todo ser humano que necessita de nossa ajuda. O exemplo do samaritano desprezado nos mostra que nenhum ser humano está tão longe de nós; e que é preciso que estejamos preparados em todo o tempo e lugar, para arriscar a vida pelo irmão ou pela irmã, porque são o nosso próximo.

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