PARA UMA ESPIRITUALIDADE QUE NÃO SEJA APENAS "AGUA MORNA" - 10
Hoje apenas comentarei a parábola do Pai Misericordioso, focando na atitude dos dois irmãos. Este texto nos dá a máxima lição do amor de Deus pelos pecadores de todos os tempos. Apresenta-nos de forma tão linda e clara o rosto amoroso de Deus. Tanto já se falou sobre este texto e que sempre de novo se descobre mais e mais o amor de Deus. Jesus devia saber a razão bem concreta por contar esta “história” tão humana e ao mesmo tempo tão divina.
O comportamento humano do filho mais novo:
- Quer desfrutar a vida à moda do consumo sem limites;
- Quer aventuras: festas, sexo, bebedeiras, emoções, etc.;
- Gasta muito dinheiro para realizar seus humanos desejos;
- Não lhe interessa mais o convívio com seu pai e seu irmão;
- Decide viver a partir de si mesmo. Ele mesmo se basta, não precisa dos seus;
- Vai ao estrangeiro: busca aventuras fortes e o desconhecido;
- Torna-se orgulhoso, é filho menor e quer ser o maior: sair de casa;
- Gasta tudo o que recebeu sem critério e discernimento;
- Corta a comunicação com seu velho pai e nunca manda notícias;
- Empobrece e começa a saborear a amargura da pobreza humana;
- Cai em absoluta miséria;
- Fica sem amigos e começa a ter saudades do seu pai.
O comportamento humano do filho mais velho:
- É trabalhador e está junto com o pai;
- Não sabe o que é ser filho de fato.
É apenas um cumpridor de tarefas e não um amoroso filho; Nunca experimentou confiança;
- É muito obediente e só cuida dos interesses familiares;
- É zeloso, mantém o rebanho gordo e zelado;
- Não tem desejos de aventuras e consumo;
- Não importa a ele a decisão do irmão mais novo.
Não se envolve afetivamente com o seu próprio irmão; Ele também basta a si mesmo;
- Ele é frio e incapaz de perdoar. Acha-se certinho e perfeito;
- Não reconhece o próprio irmão: “Esse teu filho”;
O comportamento humano do velho pai:
- Sofre com a saída do filho mais novo; Sabe que o filho vai sofrer muito;
- Realiza o difícil pedido desse filho: dar a herança ainda vivo;
- Todos os dias pensa com o coração e o corpo no filho: Olha se ele voltará;
- Tenta ajudar o filho mais velho compreender que ele tem um irmão;
- Acolhe no amor, sem reclamação nenhuma o filho miserável que retorna;
- Rompe costumes culturais e vai ao encontro do filho sujo e pecador.
No oriente são os filhos quem devem dirigir-se aos pais e não o contrário;
- Decide celebrar a volta do filho. Organiza uma festa: Celebrar a vida!
- Tenta introduzir o filho mais velho na alegria do filho mais novo;
- Inseri o filho pecador novamente no coração da família: Dá a ele a veste nova.
- Não renega o filho mãos velho, mesmo sabendo que é um filho mau;
Alguns aspectos espirituais e teologais desse drama familiar:
- Sempre vamos encontrar pessoas irredutíveis e incapazes de perdoar ao próximo;
- Os “perfeitos” são na maioria das vezes hipócritas e doentios psicologicamente;
- O filho mais novo, quando em absoluta miséria, retoma a relação com o pai. Apesar de sua miséria, não
corta a comunicação com a fonte da vida dele: o Pai! O sofrimento muitas vezes nos ajuda a retomarmos o
elo divino que rompemos com nosso orgulho e pecado;
- O filho mais velho não sabe amar o irmão mais novo por não saber amar também o próprio pai. Quem não ama o pai, como amar os irmãos? Esse é o dilema da atual cultura: Quando se nega a Deus, nega-se as suas criaturas e seus filhos e filhas. Não tendo amor pelo pai não se poderá amar o que é mais importante para o pai: A família humana;
- O pai quer ir mais que ir mais longe que a dinâmica da justiça. O filho mais novo de fato nada
mais merece, mas a misericórdia, o amor o alcança, e isso basta para o pai. Mas Deus é um eterno
buscador dos filhos e filhas perdidos. Como é para nós a imagem do “nosso” Deus? Ele busca os
perdidos?
O que Jesus destaca é a GRAÇA de Deus que é maior que nossos pobres critérios humanos. Quando não
vamos ao encontro dos caídos, dos perdidos, dos pecadores, estamos indo contra o AMOR QUE VEM
DO CORAÇÃO DE DEUS.
- BOM DOMINGO!